O Globo
30 de maio de 2008
O governador de Roraima, José de Anchieta Júnior (PSDB), abriu fogo ontem contra a demarcação em faixa contínua da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol com críticas à política indigenista do governo e às organizações não-governamentais (ONGs) que atuam na região. Em discurso no Clube da Aeronáutica, com a presença de militares da ativa e da reserva, ele afirmou que a Funai é apadrinhada por ONGs e que a soberania do país está ameaçada.
Aplaudido pelo comandante do III Comar, brigadeiro Marco Aurélio Gonçalves Mendes, e pelo prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero, Anchieta fez coro com o discurso do comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno, que criticou, em abril, a política indigenista do governo:
- Ela (a política indigenista) é caótica, incoerente e irresponsável. A soberania está ameaçada porque há interesses internacionais na Amazônia. O que as ONGs mais querem é um cadáver indígena para justificar a necessidade de dizer que o brasileiro não cuida dos seus índios. Estou tentando evitar uma tragédia.
Anchieta Júnior atacou o laudo antropológico utilizado da demarcação da reserva:
- O laudo foi feito de maneira irresponsável por esse órgão inconseqüente de compadre e comadre chamado Funai, que é apadrinhado por ONGs.
O governador conseguiu suspender no STF a Operação Upatakon 3, que retiraria os não-índios da região, inclusive os fazendeiros. Quartiero, que preside a Associação dos Arrozeiros de Roraima, voltou a afirmar que o ministro da Justiça, Tarso Genro, pratica terrorismo:
- O terrorismo é feito pelo seu terrorista-mor, aquele nosso amigo Tarso Genro.
Anchieta levantou suspeitas sobre uma das principais ONGs indígenas no estado. Segundo ele, o Conselho Indígena de Roraima gastou R$12 milhões da Funai, dos R$14 milhões recebidos, com pessoal. O coordenador do convênio CIR-Funasa, Paulo Daniel Silva, disse que a maior parte vai para os índios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário