quinta-feira, 2 de outubro de 2008

"Tomo posse destas terras,


...


se houver entre os presentes alguém que contradiga


ou a embargue, que o escrivão da expedição o registre".



Capitão - Mor Pedro Teixeira


O insigne desbravador e conquistador da Amazônia


BREVES LEMBRANÇAS DE IMPREVIDÊNCIAS HISTÓRICAS



Gen. Bda RI Valmir Fonseca AZEVEDO Pereira


Brasília, DF, 20 de Julho de 2008


Debate - se a aprovação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, de forma contínua ou não.


Na verdade, deveríamos discutir a criação da própria Reserva, repensar suas dimensões, mesmo que descontínua.


Tivéssemos visão, e não miopia estratégica, caberia revisar as demais e, principalmente, o mega - latifúndio indígena Ianomâmi. Esperamos que os Ministros do STF, patrioticamente, atentem para isso.


Muitos, mais precavidos, alertam que, atualmente, a soberania de porções do Território Nacional pode correr grave risco. E aqueles pessimistas apresentam substanciais argumentos, avultando a leniência, o entreguismo, o descaso com o bem público, a incúria e a corrupção. Ao que retrucam outros, "são meras e fantasiosas suposições, se necessário, os índios protegerão nossas fronteiras".


Inútil contra - argumentar que os próprios silvícolas poderão ser (algumas etnias, de fato, já o são) um dos poderosos instrumentos para o infausto.


De nossa parte, aconselhamos aos tolos e desentendidos, a menos, é claro, que tenham segundos interesses, e estejam à sorrelfa, aguardando o desfecho da controvérsia para sacar a sua pilhagem, que releiam (leram?) a nossa História, e confirmem como o descaso, a falta de visão e a perda de prioridades nas Questões de Estado fazem parte da irresponsabilidade dos governantes nacionais, useiros e vezeiros na prática de uma incurável imprevidência.


A História, esta grande "Mestra da Vida", nos presta inestimáveis ensinamentos, quando analisada em nosso benefício.


Lembremo-nos de 1624, quando, apesar de rica e promissora, a Bahia, com a pujante Salvador, quedava - se indefesa à espera de uma ação de invasores. Nenhum brasileiro ignora o estado das fortificações da Bahia quando ali chegaram os holandeses em 1624.


A imprevidência se repete em Olinda, em 1630, por ocasião da segunda invasão flamenga.


Em 1711, Duguay-Trouin fez o que quis no Rio de Janeiro.


Igualmente, o descaso está presente em 1850, diante das arbitrárias atitudes da Inglaterra para com o Brasil, a pretexto de proibição do tráfico de negros. Em novembro de 1859 o governo do Império, já esquecido dos insultos de 1850, mandou desarmar os fortes do litoral marítimo, inclusive os que foram reputados de algum valor pelos estadistas da Regência.


Na Amazônia, em 1862, a situação não era melhor, quando navios peruanos zombando da nossa soberania, forçaram as passagens de Óbidos e de Tabatinga.


Por ocasião da Regência Trina espalhou - se um exagerado sentimento de economia, com manifesto prejuízo para o País. A Regência promulgou uma lei suprimindo o comando dos fortes, fortins e baterias, ao mesmo tempo em que mandava desarmar as fortalezas da capital do Império e quase todas as das Províncias. Esta incapacidade política deixou quase indefesa uma das mais ricas porções da América.


Na Questão Christie, como foi chamado o insulto inglês para com a soberania nacional, o representante da Inglaterra, sob um motivo fútil, mandou o Almirante Warren aprisionar, diante de nossas fortalezas (inoperantes), navios que demandavam o porto do Rio de Janeiro, fazendo - os conduzir para a enseada de Palmas, na Ilha Grande.


Como usual, após a casa arrombada, o governo e o povo revoltaram - se. E, haja tempo e recursos para remendar anos e anos de monumental desleixo.


Não vamos falar da penúria e da pobreza material e em recursos humanos que dominavam as Forças Armadas por ocasião da Guerra do Paraguai. Bom, mas esta é outra e longa, e tenebrosa história.


Atualmente, é visível que o vácuo da ação governamental, por vezes inexistente ou equivocado (omissões e intromissões), tem permitido que muitos dos obstáculos existentes sejam explorados com grande intensidade. A importância da Amazônia, em nível internacional, foi exacerbada com propósitos "idealistas" (indígenas, meio ambiente...) ou metas obscuras, mas para muitos brasileiros, por detrás do "idealismo" se escondem interesses, nem sempre legítimos, que retiram do País a possibilidade de integrar e desenvolver a região.


Mas voltemos ao nosso alerta; sentenciando para os doutos Ministros do STF, "em questões de Soberania é melhor prevenir do que remediar ou, ainda nesses casos, é melhor pecar por excesso do que por falta".

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