quinta-feira, 2 de outubro de 2008

UNGER DISTRAINDO A RESISTÊNCIA

OBSERVAÇÃO DESTE SITE:

Até parece que M. Unger, um ministro sem ministério, mas tão poderoso, poderia estar por aí, falando, livre-leve-e-solto, em posição tão contrária ao que prega o governo, se não estivesse, sob a autorização do mesmo, agindo para confundir e para paralizar movimentos de reação e de resistência às arbitrariedades que têm sido cometidas pelo próprio governo. Parece até que o ministro está lidando com crianças inexperientes - assim, 'mamão com açúcar', enganar essa gente que pensa que ainda vive num projeto de democracia republicana.

Rebecca Santoro

Unger faz discurso para a oposição

Governador e líder dos arrozeiros aplaudem ministro, que amplia a divisão sobre o tema

Vasconcelo Quadros
Brasília

O ministro de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger conseguiu agradar os principais adversários do governo ao discursar, ontem, durante debate sobre a demarcação da Reserva Raposa/Serra do Sol, nas comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional e Amazônia, na Câmara dos Deputados.

O ministro criticou o "cruel paradoxo" da política indigenista – generosa na distribuição de terras, mas incapaz de permitir melhores condições de vida aos índios – disse que é necessário criar um modelo que una preservação e desenvolvimento. Afirmou que o governo está estudando a "penetração" das organizações não-governamentais (ONGs) estrangeiras na região e defendeu a Amazônia como nova fronteira para a reconstrução do país, apontando como protagonista do processo uma nova classe média "mestiça e morena" que surgiu nos últimos anos.

– Discutir a questão da terra não basta. A tarefa é descobrir o caminho, sair da retórica e dar conteúdo prático à proteção do meio ambiente e ao desenvolvimento – disse o ministro, reconhecendo que o governo tem feito pouco nas duas áreas.

Caldeirão de insegurança

Mangabeira Unger afirmou que Roraima e toda a região amazônica representam atualmente uma espécie de "caldeirão de insegurança" em decorrência da confusão fundiária. Segundo ele, mais que uma guerra entre índios e arrozeiros, a disputa pela Raposa/Serra do Sol se resume a um litígio no Supremo Tribunal Federal (STF) entre a União e o governo de Roraima.
– A determinação do presidente Lula é aguardar e acatar a decisão do tribunal – afirmou.

O ministro disse que é necessário reforçar a estrutura do estado na região e anunciou que amanhã, durante encontro com os governadores amazônicos, em Belém, vai apresentar os principais eixos do Plano Amazônia Sustentável (PAS).

Ele acha, no entanto, que as propostas para a região passam por um estudo envolvendo a influência real das ONGs estrangeiras na região – um dos principais ingredientes do conflito na Raposa Serra do Sol – cuja presença foi facilitada pelo "relativo vazio" de estruturas econômicas e sociais na região, uma política indigenista que supere "a combinação paradoxal" representada por grandes extensões de terra e poucas condições de desenvolvimento ao índio e a conciliação do desenvolvimento com preservação do meio ambiente.

Segundo ele, a política indigenista não preparou o índio para o trabalho, o que acabou facilitando a incidência de problemas como alcoolismo, suicídios e depressão em algumas comunidades.

Mais rigor

Em relação às ONGs, Mangabeira Unger acha que é necessário avaliar primeiro o alcance da legislação atual e, se isso não for possível, propor mudanças que tornem mais rigorosos os controles.

– Vamos superar (os desafios) com conseqüências práticas e atitudes vigorosas – disse o ministro.

Para ele, se há um assunto claro na consciência do governo, é a necessidade de conciliar desenvolvimento e preservação do meio ambiente. Cabe ao Estado, segundo o ministro, criar os instrumentos que permitam à nova classe média – "mestiça, morena, que faz pequenos negócios, estuda à noite e representa uma nova vanguarda formada por batalhadores emergentes".

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