quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Grupo contrário à ação da PF em Roraima produz bombas

(Folha de São Paulo, 07Abr08)


Enquanto a Polícia Federal se prepara para iniciar a Operação Upatakon 3, para retirar a população não-índia da Raposa/Serra do Sol (RR), grupos contrários à retirada (fazendeiros e parte dos índios) exibem os artefatos explosivos com os quais prometem resistir à ação.


Após quatro horas de viagem em carro tracionado e, em alguns trechos, seguindo o caminho a pé para driblar dois bloqueios feitos por manifestantes na estrada que liga Boa Vista à terra indígena, a reportagem visitou no sábado a casa na vila do Surumu, em Pacaraima (dentro da área da reserva), onde esses itens estão guardados.


O grupo mostrou à reportagem as armas que havia preparado: coquetéis molotov e bombas em formato de bananas, com dez centímetros. O grupo dizia ter aprendido a fazer artefatos com um suposto ex-militar do Exército da Venezuela, que estava presente no local e não quis se identificar.


A PF, que já iniciou o desembarque em Boa Vista dos agentes que vão participar da operação, guarda em sua superintendência na capital de Roraima escudos e armas de choque, sprays de pimenta, munição de borracha, granadas, fuzis e outros armamentos letais e não-letais. A instituição também recebeu veículos blindados.


Ontem a PF disse que está acompanhando a movimentação dentro da Raposa/Serra do Sol para garantir que a Operação Upatakon 3 seja realizada de forma pacífica. A retirada dos não-índios ainda não tem data anunciada. Sobre a presença do suposto ex-militar venezuelano, a PF disse que não tem informação oficial.


Segundo a PF, 300 de seus homens participarão da operação. Outros 200 integrantes pertencem à Força Nacional de Segurança e a outros órgãos. Além dos explosivos, o grupo contrário à retirada dos não-índios diz que pretende resistir usando arcos, flechas e cassetetes feitos por índios das aldeias do Vizeu, Contão, Flechal e Taxi, que ficam dentro da terra indígena Raposa/Serra do Sol.


Até sábado, 420 índios dessas aldeias haviam chegado à vila do Surumu para se juntarem a cerca de 400 manifestantes.


Os acessos à vila do Surumu estão bloqueados pelas vias terrestre e fluvial. Os arrozeiros e habitantes não-índios serão retirados da área por decisão do governo federal. Em 2005, o presidente Lula assinou decreto que homologou de forma contínua a terra indígena de 1,7 milhão de hectares.

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