quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Ministério do Meio Ambiente: o negócio de 100 milhões de dólares

Nilder Costa

17 September

Alerta em Rede

http://www.alerta.inf.br/index.php?news=1386


Em sua marcha batida para ampliar ainda mais as reservas ambientais na Amazônia, o Ministério do Meio Ambiente informou que cerca de 100 milhões de dólares estão sendo negociados (sic) para a implantação da segunda fase do Programa Áreas Protegidas da Amazônia, o famigerado ARPA. [1]


O anúncio foi feito pelo diretor de Áreas Protegidas do MMA, João de Deus Medeiros. Segundo ele, esse dinheiro será aplicado para ampliar as áreas protegidas cobertas pelo programa, que vão saltar de 50 para 60 milhões de hectares, assim como para a criação de outros 20 milhões de hectares em Unidades de Conservação, sendo metade de proteção integral (ser humano não entra).


A primeira fase do Arpa, segundo ainda o diretor do MMA, custou 81 milhões de dólares que foram ‘doados’ pelo Banco Mundial, KfW (governo alemão) e WWF, a ‘Gaia’ (mãe) das ONGs.


Apenas para recordar o que este Alerta já documentou, o famigerado programa, que é espertamente apresentado como sendo ‘coordenado’ pelo MMA, manteve até a sigla em inglês do seu protótipo engendrado pelo ‘estado-maior’ do ambientalismo: Amazon Region Protected Área. [2]


Causa espécie a falta de sensibilidade (ao menos política) do MMA em anunciar tal enxurrada de ecodólares na mesma ocasião em que a Embrapa dava a conhecer, publicamente, que o Brasil só dispõe de 7% da área do bioma Amazônia após o ‘desconto’ das áreas de reservas ambientais e indígenas. Ademais, quando o próprio governo anuncia, concomitantemente, que vai investir R$ 350 milhões para concluir o mapeamento da Amazônia, reconhecendo a existência de perigosos e inaceitáveis ‘vazios’ na região, como disse a ministra da Casa Civil Dilma Roussef: "Esses recursos vão permitir que o país tome conhecimento dessa área que não está mapeada e que mede 1,79 milhão de quilômetros quadrados. Com certeza isso vai garantir não só projetos de infra-estrutura, mas também o desenvolvimento e o monitoramento dessa região". [3]


Porém, o mais revoltante é se constatar que o MMA está ‘negociando’, nas palavras do seu diretor, o montante de ecodólares para aumentar ainda mais as áreas interditadas ao desenvolvimento socioeconômico, com dimensões e localizações impostas pelos ‘doadores’. Por outras palavras, que a criação de reservas ambientais na Amazônia é encarada como um ‘negócio’ – que foi até precificado, no jargão mercantil - por um órgão do governo brasileiro.

Notas:
[1]Programa Arpa terá US$ 100 milhões em segunda fase, MMA, 04/09/2008
[2]A Agenda Global de conservação, Alerta Científico e Ambiental, 30/08/2007
[3]Governo federal vai investir R$ 350 milhões para concluir mapeamento da Amazônia, Agência Brasil, 11/09/2008

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